2 de Dezembro- Dia nacional do Samba!
Só boto be-bop no meu
samba, quando o Tio San tocar tamborim, ou quando ele aprender que samba não é
Rumba! O mestre Jackson do Pandeiro tinha toda razão. Impossível encontrar algo
que melhor represente a cultura brasileira do que sua musicalidade, e dentro
deste caldeirão cultural, sem dúvida, sobressai o samba. Se a sanfona é a alma
do Baião, e a viola a alma da musica Sertaneja, temos no samba a percussão,
como sua alma, ritmada como um coração. Não é preciso be-bops e arranjos jazzísticos!
Basta um pandeiro maxixado como o do Martinho, ou um tantã revolucionário num Fundo
de Quintal, para termos rima e poesia; verdadeira batucada de bamba, pura
expressão popular.
Foi sem dúvida com
muita Ousadia e Alegria que sambistas de todos os tempos enfrentaram os
preconceitos de uma elite racista e eugenista, desde o fim do século XIX. Desde
que o samba estava em um período embrionário (sem a forma que terá no inicio do
século XX), ainda conhecido como Lundu, Cabula, Batuque, Marchinha, ou
simplesmente, “música de preto”. Música de preto, até Noel Rosa subir o morro;
música de preto, até Carmem Miranda contracenar com Donald e Zé Carioca, numa
política de “boa vizinhança”; música de preto até..., até hoje, em algumas
bocas miúdas.
Apesar de ainda existirem resquícios
eugenistas na sociedade brasileira e internacional, (como a italiana, da qual
Seu Jorge foi vitima recente), não podemos imaginar o cenário enfrentado por Donga,
ou Tia Ciata, em épocas em que os terreiros eram invadidos pelo chefe da polícia.
Sem receber aviso Pelo Telefone, e sem ter como fugir, quem sabe num Trem das
11, foram muitas vezes, em pleno século XX, novamente açoitados por praticar sua
religião, e por tocar seus ritmos e músicas ditas profanas.
O samba não tem cor! E a música afro-brasileira já não pode ser
associada somente á terreiros de candomblé, pois é uma profusão de cores, uma
Aquarela Brasileira. Temos sambistas católicos, evangélicos, kardecistas,
umbandistas: temos sambistas, temos músicos. Temos intelectuais procurando dar
voz aos músicos populares. Mais que intelectuais, temos Historiadores
preocupados com o samba. Podemos dizer que o morro foi feito de samba, a cidade
foi feita de samba, mas principalmente, que a História do Brasil foi e é feita
de samba, de samba pra gente sambar.
(Texto de Márcio Rodrigues, originalmente publicado no Jornal de História da Universidade de Jales, em 2013)