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quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

DEZEMBRO É O MÊS DO SAMBA!

2 de Dezembro- Dia nacional do Samba!

       Só boto be-bop no meu samba, quando o Tio San tocar tamborim, ou quando ele aprender que samba não é Rumba! O mestre Jackson do Pandeiro tinha toda razão. Impossível encontrar algo que melhor represente a cultura brasileira do que sua musicalidade, e dentro deste caldeirão cultural, sem dúvida, sobressai o samba. Se a sanfona é a alma do Baião, e a viola a alma da musica Sertaneja, temos no samba a percussão, como sua alma, ritmada como um coração. Não é preciso be-bops e arranjos jazzísticos! Basta um pandeiro maxixado como o do Martinho, ou um tantã revolucionário num Fundo de Quintal, para termos rima e poesia; verdadeira batucada de bamba, pura expressão popular.
Foi sem dúvida com muita Ousadia e Alegria que sambistas de todos os tempos enfrentaram os preconceitos de uma elite racista e eugenista, desde o fim do século XIX. Desde que o samba estava em um período embrionário (sem a forma que terá no inicio do século XX), ainda conhecido como Lundu, Cabula, Batuque, Marchinha, ou simplesmente, “música de preto”. Música de preto, até Noel Rosa subir o morro; música de preto, até Carmem Miranda contracenar com Donald e Zé Carioca, numa política de “boa vizinhança”; música de preto até..., até hoje, em algumas bocas miúdas.
         Apesar de ainda existirem resquícios eugenistas na sociedade brasileira e internacional, (como a italiana, da qual Seu Jorge foi vitima recente), não podemos imaginar o cenário enfrentado por Donga, ou Tia Ciata, em épocas em que os terreiros eram invadidos pelo chefe da polícia. Sem receber aviso Pelo Telefone, e sem ter como fugir, quem sabe num Trem das 11, foram muitas vezes, em pleno século XX, novamente açoitados por praticar sua religião, e por tocar seus ritmos e músicas ditas profanas.
        O samba não tem cor! E a música afro-brasileira já não pode ser associada somente á terreiros de candomblé, pois é uma profusão de cores, uma Aquarela Brasileira. Temos sambistas católicos, evangélicos, kardecistas, umbandistas: temos sambistas, temos músicos. Temos intelectuais procurando dar voz aos músicos populares. Mais que intelectuais, temos Historiadores preocupados com o samba. Podemos dizer que o morro foi feito de samba, a cidade foi feita de samba, mas principalmente, que a História do Brasil foi e é feita de samba, de samba pra gente sambar.

(Texto de Márcio Rodrigues, originalmente publicado no Jornal de História da Universidade de Jales, em 2013)

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